quinta-feira, agosto 11, 2005

Tribunas Livres

Na minha crónica no DN de anteontem, referi o facto de a Portugal Telecom empregar dezenas de filhos de políticos e ex-governantes. A referência fazia parte de uns textos curtos que, ocasionalmente, coloco no fim do texto principal e dizia:
“Ligações Perigosas. Na Portugal Telecom estão empregados dezenas de ex- políticos e filhos de governantes. A filha da Edite Estrela, o irmão de Santana Lopes, o filho de Jorge Sampaio, o filho de António Guterres, o filho de Marcelo Rebelo de Sousa. Uma nova geração em amena convivência.”
Facto que foi noticiado, pelo menos que eu saiba, pelo Correio da Manhã e pelo Diário Digital, tendo igualmente sido depois mencionado no Causa Nossa, por Vital Moreira, no Renas e Veados e n’Os Tempos que Correm, por Miguel Vale de Almeida.
O Renas e Veados nota, aliás, como a notícia que Vital Moreira e Vale de Almeida linkavam do Diário Digital desapareceu depois, do site.
Seja como for, ontem ao final da tarde, um amigo, sempre mais atento a estas coisas, chamou-me a atenção para o facto de na “Tribuna Livre” do DN, onde surgem as cartas dos leitores, Marcelo Rebelo de Sousa fazer um esclarecimento sobre o que eu comentava na crónica. Eu não tinha reparado porque ontem apenas li o DN on-line, onde não consta (pelo menos não encontrei) esta rubrica.
Marcelo Rebelo de Sousa diz o seguinte (texto integral)
“Relativamente à peça hoje (ontem) publicada (no DN), da autoria da jovem política Joana Amaral Dias, e da qual se pode depreender a existência de qualquer tipo de ligação perigosa ou dependência minha por causa do meu filho Nuno, ou do meu filho por minha causa em relação à PT, pelo facto de este exercer actividade profissional naquele grupo, venho esclarecer:
1) O meu filho entrou no Grupo PT já eu deixara de ser governante há cerca de 20 anos e líder da oposição há quase meia dúzia.
2) A decisão do meu filho foi tomada contra a minha opinião, que teria preferido que continuasse numa prestigiada empresa de consultadoria internacional, aliás na sequência de MBA feito em Singapura e Fontainebleau. Mas, como se compreenderá, eu não tenho o direito de mandar na carreira profissional de um filho de mais de 30 anos, nem ele tem de subordinar a sua actividade profissional às minhas opiniões.
3) O facto de o meu filho exercer funções no grupo PT não me impediu, como é natural, nos últimos anos de ser livre de comentar a PT no plano económico e político, nem de, enquanto jurisconsulto, emitir pareceres desfavoráveis à mesma, sempre que o entendi juridicamente justificado.”

Fica o esclarecimento de Marcelo Rebelo de Sousa que, pelos vistos, visava a minha crónica e não todos os outros que deram ou destacaram a notícia. Todavia, não posso deixar de sublinhar que não era a Nuno Rebelo de Sousa que se dirigia o meu comentário. Mas antes à “coincidência” de na PT se encontrarem empregados não apenas os que mencionei no DN mas muitos outros, como se pode ler na notícia- não desaparecida em combate- no Correio da Manhã.