sexta-feira, fevereiro 24, 2006

Nem anjos nem demónios

Há umas semanas o DN trazia uma notícia sobre a sexualidade dos portadores de deficiência mental. Tendo em conta o tema e as declarações de Ivone Félix, num país onde tantos ainda contestam e tropeçam na educação sexual nas escolas ou se opõem ao casamento de homossexuais, muito me espanta que o tema não tenha levantado mais um estrondoso alvoroço.
Ou talvez não…ficará apenas tudo na mesma. E é lamentável que assim seja. Porque a persistência na ideia errónea que “Sexualidade na deficiência é igual a deficiência na sexualidade”, ou no mito que os portadores de deficiência são seres assexuados, anjos (habitualmente alternado com a fábula de que são monstros] nega um direito a estes cidadãos. Evidentemente que a regulação desta questão não é simples, e levanta questões éticas e legislativas delicadas, nomeadamente a consideração do grau de deficiência mental como critério para a sexualidade activa.
Além do mais, fazer de conta que os cidadãos com deficiência mental são seres assexuados, privando-os da educação sexual, potencia o aumento da sua vulnerabilidade, nomeadamente aos abusos sexuais. E é estesum dos grupos mais afectado pela violência, designadamente pela violência sexual.